terça-feira, novembro 04, 2008

Saudade daquela vida de gente grande


Este último fim-de-semana foi o que podemos chamar de revivalista: retomei alguns "velhos" hábitos, fiz as compras da praxe que há tanto tardavam. Entre um provador da Zara e uma fatia de tarte, eu e a S. aproveitámos para recordar o que estávamos a fazer há precisamente um ano atrás...cada uma no seu país, a tentar viver noutras ruas, noutros cafés, noutras casas, com outras pessoas. Claro que não podíamos deixar de comentar pela milionésima vez o fim-de-semana em que nos encontrámos e rir da rouquidão que tomou conta de nós após 12h de tagarelice non-stop.

Voltei para a casa com saudade desse tempo de gente crescida e confesso que até agora ainda não me consegui desprender dela. Influências da, passo a citar "tarte da vaca das sopas"? Bom, não sei. O que é certo é que ando a suspirar pelos cantos (não S., não me atires agora com um balãozinho de oxigénio).

Hoje dei por mim a pensar novamente naquele dia, um ano...a tarde solarenga de um início de Novembro gozada na varanda do Caffè Città. Depois de um puro espresso, resolvi torrar o meu saldo numa chamada para a S. em Bruxelas, ansiosa por deitar cá para fora tudo o que me ia cá dentro, como se estivesse a fazer mais uma chamada interminável de Algés - Artilharia 1.
De fundo soava um jazz vindo de todos os cantos da vila, ou não fosse o fim-de-semana do jazz com direito a pequenos concertos em cada rua empedrada de Moncalieri, abraçada pelos Alpes.
Lembro-me perfeitamente de inspirar profundamente cada nota da Garota de Ipanema enquanto percorria esta mesma rua até à Sisley, disposta a deixar lá ficar tudo que andava perdido pela minha carteira. As pequenas bancas submersas em enchidos e parmigiano a contrastar com as malas Fendi, o cheiro do chocolate quente a misturar-se com o dolce&gabbana...tudo me deixa agora com o coração apertadinho pela saudade.
O revivalismo dos últimos dias culminou este fim de tarde com a ida ao supermercado e com a constatação que era dia de Itália por aquelas bandas: imaginam um miúdo de 6 anos a receber a sua primeira mochila do Homem-Aranha? Pois era eu a percorrer com os olhos as massas, o Chianti, os biscoitos, tudo o que me fazia lembrar lá.

Esta noite, sentadinha no meu sofá, imaginei-me com os meus frollini con ripieno di mela no colo, na mão uma chávena de café feito pelo E. (porque estranhamente a máquina parecia gostar mais dele) e na televisão o One Tree Hill em que o Lucas e a Peyton faziam juras de amor em italiano.
Revivalismos piegas? Acho que não. Como desabafei à S. entre um provador da Zara e uma fatia de tarte, tenho saudade daquela vida de gente grande, de desconhecidos, sem déjà-vus.

Vou reviver por mais um mês e 17 dias, ok? Desculpem lá a maçada.


*rita*

1 Comments:

Blogger bolha said...

Ai xuxu, é verdade, que saudades do tempo em que éramos crescidas, independentes e cosmopolitas! Custa, dá saudades e às vezes até solidão, mas nada nos faz crescer mais e sentir que somos fortes e capazes. E acima de tudo, faz-nos sentir que o mundo é um sítio cheio de possibilidades e que podemos fazer o que quisermos. Como dissémos no nosso momento revivalista na tarde da "tarte da vaca", não é só saudades de como e onde estávamos, mas também e, acima de tudo, do nosso estado de espírito e das expectativas que tinhamos e que, na altura, nos pareciam tão reais. Agora, estes banhos de realidade são bem mais difíceis e, volta e meia, fazem-nos querer voltar áqueles sítios/países, aos telefonemas Turim/Bruxelas e mesmo aos aviões Bruxelas/Turim. Mas, felizmente temos aqui pessoas que fazem por nos lembrar que a vida ainda vai melhorar e que ainda podemos vir a ser crescidas e realizadas aqui. E nós temos de tentar acreditar, se não aí é que é o fim do mundo em cuecas.lol

Mas lá que dá umas saudadinhas, nestes dias de Outono, lembrar as tardes de frio a sério, com roupas de Inverno fashion e a passear sozinha por cidades europeias, lá isso dá.;)

*Sarunis*

4:59 da manhã  

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