segunda-feira, setembro 22, 2008

"Have You Ever Really Hated a Man" (ou a mais recente versão bairrista do grande hit de Brian Adams)

Após mais uma noite a mostrar as cuecas nos passeios do Bairro, dei por mim a odiar homens. Mas odiar ao ponto de ficar com a voz presa, os olhos marejados mas inflexíveis em deixar a àgua correr, as mãos contorcidas. Podem muito bem dizer que não podemos fazer da nossa experiência doutrina, mas a verdade é que a doutrina está lá, fundamentada, articulada. E se nós nos sentíamos sozinhas, agora é só assistir à sobre-lotação deste nosso pequeno poço/purgatório.
Nós,esparguete e polpa de tomate incluídas, bem tentamos ver o lado positivo das coisas, mas o que se passa é que já virámos e revirámos e observámos e escarafunchámos até todos os ângulos e prismas das coisas e a visão é sempre a mesma: dantesca; um inferno, um circo dos horrores em versão contemporânea, um Colombo entupido de lampiões em dia de jogo.
E a pergunta que fazemos é sempre a mesma, quer seja à mesa, no carro, na casa-de-banho ou na cama a três: Porquê? Quero dizer, peço desculpa, às vezes o "Porquê?" é antecedido ou completado com uma ou outra palavra socialmente condenável...mas o discurso é sempre o mesmo, a retórica torna-se quase uma ladainha de tão repetida. Porquê? Numa ocasião a nossa polpa de tomate entrou por esse mundo psíquico a dentro e começou por referir as inúmeras qualidades que faziam de nós mulheres essencialmente elegantes e interessantes; de seguida analisámos a situação actual dos relacionamentos dos portugueses, tentando enquadrá-los nas respectivas molduras sociais; e a que conclusão chegámos? Os homens preferem as bardajonas. E as pobres de espírito.
Tudo bem, não é que possamos dizer que estamos isoladas dos homens, qual doentes em quarentena...bem vaticinámos que 2008 seria o nosso ano e até agora tem sido, em tudo. Mas sinceramente acho que estes mesmos homens que nos rodeiam, como as almas penadas que suplicam do fundo do poço pela luz, ainda não se deram conta de que nós somos realmente um prémio, o Euromilhões nas suas vidas. E por isso é essa mesma cegueira que os faz agir como agem, seguros das suas conquistas.
Pois bem, meus seres odiosos: here's your chance. Ainda que gostemos muito de carpir nos passeios do Bairro e pôr as culpas na falta de açúcar das caipiroskas de vodka negra, está na altura de nos porem a falar de outras coisas, de nos provocarem outras sensações que não ódio, if you know what I mean . Até porque a maquilhagem depois borra e é uma chatice para a arrancar da nossa cútis.
Agradecíamos portanto que a ficha vos caísse um pouco antes de ficarmos carcomidas pelo ódio, e pelas rugas também. Ah, e com o fígado cirrótico também. Se isso fosse possível da vossa parte, seria extremamente agradável.
É que, sabem...nós queriamos contribuir pessoalmente para a descida da taxa de população masculina disfuncional no nosso país.
E aqui que ninguém nos ouve, é por vos querermos tanto que vos odiamos. Amor-ódio, já ouviram falar? Nunca lá estibe!


*rita*

6 Comments:

Blogger bolha said...

Nunca lá estibe também... :s ohhhh!quantas noites em branco, quantos intervalos e aulas e horas de almoço, quantas night outs que terminavam entre bolos e pães com chouriço a falar das nossas relações falhadas, de tudo o que ia mal com o sector masculino... Falavamos não numa atitude gratuita de corte e costura (se bem que essa vertente também existia :p), mas para nos purgarmos, para encontrarmos uma resposta racional ao partilhar as nossas experiências... E quanto bruxedo foi discutido entre nós. Sempre para chegar à mesma conclusão: os homens sentem-se ameaçados por mulheres inteligentes, emancipadas, que tomam as rédeas da vida e que gostam de sexo sem serem p*tas de rua... Ou gostam das bardajonas ou das púdicas, dos pãezinhos sem sal... Opções de homens que só se sabem afirmar assim... Pena que não vejam que a sua apregoada masculinidade seja encarada por nós como "bananice" disfarçada. No fundo, eles gostam de apanhar, só que ainda não descobriram. Ou então, acham que são grandes machos quando têm em casa alguém que só lhes sabe dizer sim e que acham que missionário é o expoente máximo de uma vida sexual. Enfim, são estes que dão dinheiro às meninas dos anúncios...Deus os livre de praticar sexo oral ou qualquer coisa mais avançada com aquela que vai ser a mãe dos filhos dele... E são assim cerca de 95% dos homens portugueses...

Depois, quando menos esperas, no momento menos oportuno, aparece alguém que te diz que está fascinado por ti, que és o euromilhões dele, com quem ris, com quem choras, com quem deixas cair a faceta de mulher forte e independente e aninhas no colo que ele oferece como uma menina pequenina, enquanto te diz ao ouvido que tem muito orgulho em ti, que te admira e que quer ter filhos contigo porque, além de te amar, tem a certeza que vão ser boas pessoas e destinadas a grandes feitos e lindos como tu... :) E depois, diz-me: como é possível dizer que não a um pedido de casamento de um homem assim? :)

E depois, minha amiga, depois estás a borrifar-te para os 95% de homens que passaram pela tua vida sem serem HOMENS a sério. Quanto muito, terás pena por não saberem o que é uma relação completa e alívio por não teres ficado com nenhum deles... Pode demorar, podes estar à beira do desespero, de declarares que te vais tornar lésbica porque os homens não prestam, mas vai aparecer quando menos esperares. E aí vais baixar as defesas sem dar conta e vais ver que assuntos dos quais fugias a 7 pés antes passam a fazer todo o sentido porque estás com alguém que te dá segurança

bom, e já chega, que isto vai quase tão longo quanto o post! :p
*márcia*

4:47 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Querida, não há comentários possíveis...subscrevo tudo, tudinho! *

12:09 da manhã  
Blogger bolha said...

Concordo inteiramente e subscrevo a tua brilhante dissertação, xuxu! Conseguiste resumir num post as conclusões a que, em conjunto,temos chegado nas conversas deste últimos tempos em que, muitas vezes, só nos apetece gritar "F***-se, mas está tudo doido? Não há no mundo um gajo funcional e decente que perceba que o desafio é melhor que a submissão, que a inteligência é melhor que o pão sem sal, que independência não quer dizer frieza??!"

O que falta ao homens hoje em dia é, sobretudo, coragem. Coragem de gostar de uma verdadeira mulher do século XXI por tudo aquilo que ela é - independente, inteligente, muitas vezes escaldada, que se recusa a abdicar daquilo que é por quem quer que seja, mas que nem por isso deixa de querer colo ou de ser capaz de amar e estar empenhada numa relação. Infelizmente, acredito que aqui o problema reside tanto nos homens, como nas mulheres de hoje em dia: É que eles habituaram-se a gostar não da mulher em si, mas da pessoa que ela reinventou para eles. E nós, como pertencemos à aparente minoria que continua a acreditar que o homem que estiver connosco deverá estar com aquilo que somos e não com uma nova personagem construída à medida, fugimos cada vez mais à regra e damos por nós nestes momentos de raiva e mesmo ódio, simplesmente por mantermos este hábito cada vez mais raro de nos mantermos fiéis a nós próprias...

Realmente, também apreciava imenso que caísse a ficha aos homens deste país/mundo. É que afinal, o que pedimos não é assim tão difícil: Just have some brains and guts, please!

*Sarunis*

3:01 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Como homem que sou, queria dar-vos os parabéns. Eu gosto de mulheres inteligentes e independentes e desenrascadas de preferência. Aliás, n gosto eu de outra coisa. Aquele cliché da mulher burra e obediente comigo não pega. Se a mulher não conseguir manter uma conversa minimamente interessante, não presta para mim. Por isso, digo-vos que fazem bem em manter-se assim. Porque é do vosso tipo de mulheres que ando à procura. E também não há muitas não! Não percam a esperança, eu também ainda não perdi em relação a vós (mulheres no geral)!

4:02 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

caro anónimo deixe o número de telefone que a autora do texto agradece.

(e olhe que ela é uma giraça!)

9:48 da tarde  
Blogger pegueitrinquei said...

bem esse anónimo agitou aqui a Sapucai!! e deixa-me que te diga, melheri!! com este texto, vejo-te qual S.J.P. sentada no seu laptop branquinho a pensar no Big e a escrever uma das suas diabólicas e geniais crónicas. Estiveste lá bebé!

12:53 da manhã  

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