sexta-feira, dezembro 19, 2008

Ainda sobre as relações humanas

Tem-se especulado por aqui sobre as vicissitudes masculinas e o que faz com que as odiemos/adoremos tanto, ou também sobre o facto de muitos homens andarem cegos e nunca chegarmos a perceber bem o que é que eles querem! Já se impunha uma versão feminina do filme "O que as mulheres querem" - em vez do Mel Gibson, teríamos, por exemplo, Rachel Weisz a tentar perceber "O que os homens querem"!
Se há os que não se querem comprometer e que têm um medo esquisito da intimidade, também há os que querem o melhor de dois mundos e todos sabemos que isso é impossível! Depois há outros que sofrem "crises espontâneas" de identidade e, depois de comprometidos e com casa montada, de repente ficam confusos e vão-se embora. Infelizmente, ja acompanhei esta situação devido à "crise" de um familiar e, por estes dias, aconteceu o mesmo a uma amiga.... O que fazer? Devemos ir todos tirar um curso de Psicologia? Até admito que as pessoas não possam ter todas as certezas do mundo, mas isso também não lhes dá o direito de arruinar dezenas de projectos comuns, sonhos e sentimentos...

Por outro lado, também conheço quem muito sofra com as mulheres. Aposto que vão já adivinhar de quem falo! Depois de tantos namoros infrutíferos, uns mais rápidos que outros, pensámos que desta vez é que era, que finalmente uma mulher mais velha e madura, com uma vida estabelecida e algumas responsabilidades, lhe poria juízo na cabeça e o ajudaria a entrar no caminho certo! Pois, as nossas esperanças desvaneceram-se esta semana.... Com pena minha, pois até simpatizava com a rapariga. Desta vez acompanhei todo o processo, porque temos estado mais tempo juntos e, em desabafo, já me tinha contado que as coisas não andavam bem. E ele fez o que muitos homens hoje em dia já não fazem - não cobrou, deu espaço, não quis pressionar, deixou que fosse ela a dizer alguma coisa, enquanto ela nada dizia e a relação se degradava. Quando ele se fartou, ela limitou-se a concordar que as coisas não estavam a funcionar, entregou-lhe o que lhe pertencia e foi embora, sem mais conversa! E diz-me ele, triste e perdido: "chego à conclusão que ando há 4 anos a perder tempo! Ou só eu que não presto para nada, ou então as mulheres são todas boas demais e importantes demais para mim!".
Com isto, apercebi-me que, afinal, a independência e a liberdade que as mulheres têm e sentem hoje em dia, não só intimida como também contribui para as deixar indecisas e incapazes de abdicar das suas coisas, só suas. E seja em que faixa etária fôr (pois esta pessoa de que falo já as percorreu quase todas lol).

*tunis*

4 Comments:

Blogger Néme said...

Já se vê que a Tunis finalizou os exames! :) Tinha saudades da tua escrita por estas paragens.

É verdade...custa mesmo muito abdicar de parte da independência em nome de uma relação que não depende só de nós. Assusta, intimida, causa calafrios, levanta dúvidas... Será que a pessoa vai estar à nossa espera se formos fazer algo que nos leva para longe? Exigimos sempre tudo, mas raras vezes estamos dispostas a fazer concessões... Se se quer, tem de lutar e acreditar e mostrar ao outro o que queremos e do que precisamos; a atitude certa não deve ser nunca "desligar", deixar deteriorar sem fazer nada, isto, claro, se queremos lutar pela relação ou, pelo menos, terminá-la sem uma destruição mútua. Já que os planos a dois têm de "morrer", deixemos o outro (e nós mesmos) ficar com boas recordações e disposto a tentar de novo recomeçar

12:47 da manhã  
Blogger Bolha said...

Depois de ler o teu texto, muitas ideias, conversas e recordações me vieram à cabeça. E não, não estou tão baralhada para não me lembrar de quem estás a falar lol.
Ainda que fazendo parte do grupo, admito com toda a sinceridade que nós mulheres também sabemos destruir tudo à nossa frente e deixar poucos corações inteiros. Se por um lado pode ser culpa "dele" que se entregou demasiado sem se preocupar em se proteger, por outro lado pode ser culpa "delas" (e aí já entra alguma conspiração kármica por terem sido todas assim umas atrás das outras) que consciente ou inconscientemente (mas mais para conscientemente, parece-me) cultivaram uma relação intensa mas sem equílibrio que lhes proporcionou aquele sentido de protecção claustrofóbica que tantas delas apreciam (eu exculuindo-me, dada a minha fobia de golas altas).

Não me imagino a abdicar da minha independência pelo que quer que seja, independência que tanto me custou obter. E nem acho que precise de o fazer, para mim não há nada melhor do que uma relação leve e assente na confiança, em que ninguém se anula. Se as coisas dele pelas quais me apaixonei desaparecem, o que me sobra dele?

Sinceramente desculpo-vos se não conseguirem entender o meu raciocínio lol. Ultimamente tem sido difícil percebê-lo, não sei se por causa do meu cérebro estar sobrelotado ou se é por pensar em 4línguas.

E quanto a "ele", Mummy, diz-lhe que ele não está sozinho. Ainda eu estou para descobrir onde é que os "outros" andam...

*rita*

4:59 da manhã  
Blogger undertheground said...

"admito com toda a sinceridade que nós mulheres também sabemos destruir tudo à nossa frente e deixar poucos corações inteiros."

subscrevo totalmente. Como diz o Sérgio Godinho,
"Andas aí a partir corações como quem parte um baralho de cartas"

Isso é o que menos gosto nas mulheres. E sendo homem, não percebo é como é que há canalhas que dum dia pró outro abandonam a casa sem avisar e deixam um bilhete. Isso n é de homem, é de covarde. Já não há muitos cavalheiros como antigamente e isso é mau para vocês, eu não me importo assim tanto de pertencer a uma espécie em vias de extinção.

1:42 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Antes do comentário propriamente dito dois mini-comentários:

Márcia, mas que foto badalhoca é essa que você têm aí no seu perfil?! e quando é que sua excelência decide dar os ares da sua graça aqui pela capital?!

Tunis, espero que os exames tenham corrido bem, minha querida :)

E agora, vamos lá falar das relações. Não sei de quem vocês estão a falar, por isso vou ser generalista. É compreensível que nós, como mulheres, tenhamos tendência para apontar o dedo aos homens como culpados de todos os males que existem no universo, em especial no nosso universo privado. Falamos mais vezes das vezes que fomos magoadas do que das vezes que magoámos alguém. E isto é compreensível também, porque as coisas tomam outras proporções quando são sentidas na própria pele, na dos outros tendemos sempre a relativizar os danos. Isto tudo para dizer, que nos relacionamentos tanto "elas" como "eles" podem ser os maus das fita. E acima de tudo, estamos em tempos complicados, em que não há estereotipos definidos, em que não há uma forma certa para lidar com as mulheres ou com os homens, porque todo o conceito de mulher e de homem são hoje multidimensionais.

Entrar numa relação é e será sempre um risco. Acho que ajudava muito se as pessoas entrassem nelas seguras de quem são e do que estão à procura e que fossem sinceras acerca disso com a outra pessoa. Era o primeiro passo para não se criarem falsas expectativas.

E ao contrário da Tunis- neste ponto tenho de discordar, minha linda- acho que as pessoas têm o direito de destruir sonhos e projectos em comum quando não estão satisfeitas. É um direito muito velhaco e cretino, sem dúvida alguma. Mas é conciliável com o dever de honestidade e respeito pela outra pessoa e não ficar com ela apenas pelo comodismo dos projectos.

(escrevi um testamento, sorry!!!)

2:25 da manhã  

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