"Have You Ever Really Hated a Man" (ou a mais recente versão bairrista do grande hit de Brian Adams)
Após mais uma noite a mostrar as cuecas nos passeios do Bairro, dei por mim a odiar homens. Mas odiar ao ponto de ficar com a voz presa, os olhos marejados mas inflexíveis em deixar a àgua correr, as mãos contorcidas. Podem muito bem dizer que não podemos fazer da nossa experiência doutrina, mas a verdade é que a doutrina está lá, fundamentada, articulada. E se nós nos sentíamos sozinhas, agora é só assistir à sobre-lotação deste nosso pequeno poço/purgatório.
Nós,esparguete e polpa de tomate incluídas, bem tentamos ver o lado positivo das coisas, mas o que se passa é que já virámos e revirámos e observámos e escarafunchámos até todos os ângulos e prismas das coisas e a visão é sempre a mesma: dantesca; um inferno, um circo dos horrores em versão contemporânea, um Colombo entupido de lampiões em dia de jogo.
E a pergunta que fazemos é sempre a mesma, quer seja à mesa, no carro, na casa-de-banho ou na cama a três: Porquê? Quero dizer, peço desculpa, às vezes o "Porquê?" é antecedido ou completado com uma ou outra palavra socialmente condenável...mas o discurso é sempre o mesmo, a retórica torna-se quase uma ladainha de tão repetida. Porquê? Numa ocasião a nossa polpa de tomate entrou por esse mundo psíquico a dentro e começou por referir as inúmeras qualidades que faziam de nós mulheres essencialmente elegantes e interessantes; de seguida analisámos a situação actual dos relacionamentos dos portugueses, tentando enquadrá-los nas respectivas molduras sociais; e a que conclusão chegámos? Os homens preferem as bardajonas. E as pobres de espírito.
Tudo bem, não é que possamos dizer que estamos isoladas dos homens, qual doentes em quarentena...bem vaticinámos que 2008 seria o nosso ano e até agora tem sido, em tudo. Mas sinceramente acho que estes mesmos homens que nos rodeiam, como as almas penadas que suplicam do fundo do poço pela luz, ainda não se deram conta de que nós somos realmente um prémio, o Euromilhões nas suas vidas. E por isso é essa mesma cegueira que os faz agir como agem, seguros das suas conquistas.
Pois bem, meus seres odiosos: here's your chance. Ainda que gostemos muito de carpir nos passeios do Bairro e pôr as culpas na falta de açúcar das caipiroskas de vodka negra, está na altura de nos porem a falar de outras coisas, de nos provocarem outras sensações que não ódio, if you know what I mean . Até porque a maquilhagem depois borra e é uma chatice para a arrancar da nossa cútis.
Agradecíamos portanto que a ficha vos caísse um pouco antes de ficarmos carcomidas pelo ódio, e pelas rugas também. Ah, e com o fígado cirrótico também. Se isso fosse possível da vossa parte, seria extremamente agradável.
É que, sabem...nós queriamos contribuir pessoalmente para a descida da taxa de população masculina disfuncional no nosso país.
E aqui que ninguém nos ouve, é por vos querermos tanto que vos odiamos. Amor-ódio, já ouviram falar? Nunca lá estibe!
*rita*