Saudades
Tenho saudades dos nossos tempos de estudante...Tantas que às vezes chegam a doer, principalmente quando se aproxima o Verão...Ponho-me a recordar as últimas épocas de exames de cada ano, que geralmente, se iniciavam por esta altura: o sacríficio de estudar com um calor insuportável e um sol radioso, que puxavam mais para a praia do que para os livros, a busca por um sítio fresco e calmo sem interferências familiares, que acabava, muitas vezes, por ser o mítico Quente&Frio ou o Palácio Sottomayor, o pânico do "ai meu Deus, não vou conseguir estudar tudo a tempo", ou os trabalhos que obrigavam a ficar agarrada ao computador e a uma torre de livros até de madrugada. As olheiras e o mau humor, que só acalmava nas tertúlias em que partilhavamos ideias e tirávamos dúvidas e em que invariavelmente arranjávamos sempre tempo para farfalhice e gargalhadas. E depois de todos os nervos, das noites sem dormir, das horas fechada numa sala a tentar espremer as muitas horas de estudo para uma folha, o magnífico momento de relax depois do último exame/trabalho entregue. Uma cerveja na esplanada ou um natão no Pato Real consagravam aquele momento de libertação, de "ufa, já está" e de dever cumprido, mesmo sem certezas de como tudo tinha corrido. E depois, os primeiros planos de férias: idas à praia, copos no Bairro, viagens para dentro ou fora de portas, idas a Sintra para um travesseiro e dois dedos de conversa ou simplesmente dias de ócio passados no sofá sem fazer nada, a comentar por mensagem ou Internet a série que estava a dar num dos canais da TV Cabo. E como eram longas e deliciosas essas férias, em que todo o peso do mundo tinha ficado para trás, escrito nas folhas de exame ou impresso no papel daquele trabalho cuidadosamente encadernado, pelo menos até ao semestre seguinte.
Toda a vida ouvi dizer "os tempos de estudante são os melhores da tua vida, aproveita-os bem", mas sem realizar o verdadeiro significado da frase...Hoje, dois anos depois, soa-me cada vez mais à frase mais acertada do mundo...
Sim, preciso mesmo de férias e de ter vida...
*Sara*
Dois anos depois...shame on you por nos recordares como o tempo passa... Aiiii!as nossas tertúlias! Acho que fariam corar de vergonha metade da FCSH :p e a outra metade pagava-nos para divulgar todos esses segredinhos que só nós sabíamos e dos quais nos ríamos despudoradamente. Sempre, mas sempre, com a nossa cara de parvas número 37! :p What a long way we've all been... Sempre sem retrocessos, já que soubemos rir, chorar e mandar as nossas car*lhadas na altura certa :) O 1/4 de século aguarda-nos, cada vez mais maravilhosas e bem sucedidas, mas sempre com aquela nostalgia de quem viveu os tempos de faculdade a 100%. O caminho é para a frente e só se faz caminhando (vou vender esta tirada ao Paulo Coelho :p)
*márcia*
Realmente éramos bem parvas quando dizíamos que estávamos fartas de exames e só queríamos era que tudo aquilo acabasse lol...olhando bem para trás, acho que o que foi bom foi óptimo e o que foi mau foi um autêntico freakshow. Mas acho que de outro modo não teria o mesmo gosto...
Os anos passaram, mas soubemos e sabemos ainda dar valor ao que é mais importante e ao que não desaparece com o tempo, que é a amizade e peguice da Bolha.
Mesmo desfalcadas, continuamos a estar cá umas para as outras e a ajudar cada uma de nós a tirar os pés da cama e encarar a realidade com o nosso humor negro (que no nosso meio só significa amor lol).
Vamos ser saudosistas de vez em quando, mas vamos principalmente (tentar) acreditar que o que nos espera é melhor. Bem melhor.
*rita*
Que nostalgia snif ;( (adorei o fim do teu comment, Márcia, mto bom!) =)
Tens noção, Sara, que isso basicamente foi uma forma muito poética e habilmente dissimulada de gritar a plenos pulmões: SOCORRO, ESTOU A FICAR VELHA! =P (tenho moralidade para falar, que já vou para os 27... damn)
Eu ainda vou mais longe, até aos tempos em que tinha 3 meses de férias, que eram passados a jogar à bola, ou às escondidas, ou à apanhada, ou qualquer outra coisa durante o dia inteiro. Era, basicamente, estar em casa só para as refeições.
Por outro lado, não havia dinheirito na carteira (hoje, pouco que seja, vai dando para uns caprichos), não havia carta de condução e popó (ahhhhh, a liberdade), nem havia o não dar contas a ninguém =)
O melhor mesmo é aproveitar cada fase.
Beijinhos